TRANSITAR

trans-bordar trans-ar trans-cender trans-pirar trans-fixar trans-formar trans-por trans-gredir trans-lucidez trans-mudar trans-ferir trans-luzir trans-mutar trans-viar trans-tornar

Nome:
Local: Paraíba/Rio de Janeiro, Brazil

domingo, dezembro 31, 2006

ESCREVER, ESCREVER, ESCREVER...


Escrever para esse Blog foi...









uma experiência e tanto. Foi a atividade literária mais marcante para mim neste ano que se acaba. Da fase na qual escrevíamos, cada um, toda semana, a essa em que se publica algo quando der na telha, pensei e repensei a atividade de escrever, no seu aspecto mais amplo.
Passei a admirar mais os jornalistas. Escrever por profissão deve ser duro. Para mim, “escrever” o é, pois que encaro esse um acontecimento singular em minha vida. Digo escrever “entre aspas” para dizer que não é um qualquer escrever; é aquele escrever com intenções estéticas. Este é um acontecimento que, para mim, não pode cair na banalidade, sob pena de passar a não escrever mais nada que preste. Não digo que não haja quem consiga escrever com freqüência coisas esteticamente interessantes. Há pessoas que nos gestos mais simples esbanjam “bom gosto”, naturalmente, sem forçar. E escrever coisas esteticamente interessante é mais uma delas, admiro baita isso. Essas pessoas são dotadas de um dom. Só não é o meu caso. Sou um bruto, bicho do mato, que apenas em alguns momentos iluminados consegue escrever algo que preste – falo “que preste” esteticamente falando – eita texto cheio de aspas!!! E isso eu percebi quando passei a escrever neste Blog. Foi a grande lição que tirei dessa atividade tão dura que dividi, e ainda divido, com mais dois colegas que admiro demais, dente outras coisas, justamente por produzirem textos que me deixam enciumado – ciúme do bom.
O curso de Letras finalizou-se, ando me afastando de muita coisa ligada ao curso, como ler e escrever com freqüência. A vida está me levando pra um outro lado, e estou deixando isto acontecer naturalmente. Mas tenho medo. Tenho medo de que um sonho que eu tinha esteja se desfazendo. Mas é isto. Passei a encarar a vida de maneira mais natural, não-artificial, como antes a via. Se eu tiver de me afastar dessa atividade que já me deu muita alegria, que seja momentaneamente ou pra sempre, que assim seja. Amém!

PS: Silvia, essa é a praia na qual passarei boa parte de janeiro.

terça-feira, dezembro 26, 2006

LUZ E SOM!!!

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Do lado de cima do Equador

O nosso estar calado, eu já sabia, não era o mesmo que estar acabado.
Existia, isso sim, um silêncio que comanda os momentos de rever, repensar, reelaborar, e que depois se converte em explosão.
Cada um por seu lado vivendo coisas diferentes, mundos diferentes, e agora, exatamente agora, espaços físicos diferentes. Ainda assim, acredito que estamos cada vez mais próximos, mesmo enquanto um se renova onde sempre esteve, outro em um espaço de festa, e eu, por minha vez, que tinha visto tantos verões, vivo meu primeiro inverno.

Aqui em Valência, ao contrário do que está acontecendo no verão brasileiro, cada dia é um pouco mais curto, um pouco mais frio e um pouco mais cinzento.
Apesar disso, há dias de sol, e nesses dias aproveito para renovar minhas energias saindo de casa para caminhar, sempre acompanhada da máquina fotográfica.
Adoro me misturar com as pessoas que estão indo enfrentar a rotina do dia-a-dia: faço cara de turista estrangeira, ou seja, assumo o que realmente sou, e observo o mundo (e todo mundo) sem que se dêem conta de que eu existo.
Algumas pessoas eu já sei onde vão estar todas as tardes: idosos conversando com amigos na calçada, mulher voltando do trabalho no metrô das 14:00, pai com filho de três anos no carrinho de bebê comprando pão à noitinha... Vejo a vida, tal e qual via quando estava em casa. Claro que com alguns hábitos diferentes, mas pessoas são pessoas em toda parte do mundo.
Nessas andanças, sigo sempre em silêncio, mas procuro me comunicar de outras maneiras. O sorriso é sempre uma boa idéia. É muito interessante como sem uma única palavra de repente conseguimos nos entender com alguém que nunca vimos, e por alguns curtos momentos é possível fazer alguma coisa juntos, como ajudar uma pessoa de maior idade a levantar para descer do ônibus.
É muito bom ver a vida acontecendo. E a distância do que conheço por "meu mundo" está me ajudando a fazer isso mais abertamente. Acho que estou aprendendo a colocar o passado em seu lugar, a viver mais o presente e a pensar o futuro com menos pré-conceitos.

domingo, dezembro 03, 2006

NOTÍCIAS DAQUI DE BAIXO














Deus sabe como é difícil um ecossistema fechado se renovar com recursos limitados. É preciso malabarismo, tirar leite de pedra, fazer, refazer e refazer. Sinto-me e inspiro-me nos contos de Dalton Trevisan, que, mesmo repetindo insistentemente palavras, expressões, frases e até situações idênticas, tudo em contos diferentes, renova-os com uma força sem-igual.
É assim que vai ser em minha vida de agora – e na verdade sempre foi, só que antes eu não tinha consciência disso: reinventar-me com o mínimo de recursos que tenho a disposição.
Fecha-se mais um ciclo em minha vida – e este considero um dos grandes. Enquanto dois amigos se renovam em/com outros ares (ares de cidade maravilhosa ou de velho mundo), eu me renovo no/com o mesmo ar que tanto já respirei e que tão gasto já me parece.
Passei por situações parecidas, de finalização de grandes ciclos (creio que, iguais a este, só tive outros dois). Todos foram diferentes, cada uma a sua maneira – a grande diferença deste é que o seu fechamento ainda precisa ser consolidado. E o será quando, nos trilhos, meu trem começar de novo a mover-se em movimento uniforme, e o maquinista deixar de olhar pelo retrovisor o passado que ficou naquela estação (trem tem retrovisor???). Preciso treinar, em mim, o dom de aceitar o passado em seu lugar.
Começo uma nova vida no mesmo lugar, só que agora sem algumas pessoas que saíram de cena, mas com a mesma rotina, só o quarto está diferente – ah, este renovei por inteiro: móveis, pintura, guarda-roupas, tudo – pra parecer que estou em outro mundo, estando no mesmo (mais do mesmo). Quando saio de casa, fico aguardando a hora de entrar de novo em meu quarto, de deitar em minha nova cama e de ouvir meus velhos discos de vinil. A única certeza que tenho é a de que continuarei aqui em João Pessoa, só isso.