TRANSITAR

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Local: Paraíba/Rio de Janeiro, Brazil

terça-feira, junho 12, 2007

Na moda, na roda, no rock, no enfoque!

(Primeiro quero deixar claro que foi impossível escrever este texto sem a influência da leitura do blog do Tiago+, amigo querido agora da vida real, “Pós micareta...”:

Agora sim. Fomos à XI Parada GLBT- SP, sempre tive vontade de ir, vocês sabem. O tema deste ano era Por um mundo sem racismo, machismo e homofobia. Bonito né? Eu tinha a provinciana sensação de que a Parada do Orgulho Gay fosse a reunião máxima da diversidade, que ela conseguisse despertar consciências, etc e tal. Puro engano!?
A cidade parou! Foram mais de 3 milhões de pessoas na avenida, o comércio vibrou, só conseguimos hotel, não o que queríamos,
dois meses antes. A polêmica manchete da Folha de S. Paulo: “Panfleto para Parada Gay orienta como cheirar cocaína”, parece não ter ofuscado o brilho da festa, nem mesmo apagado a vontade dos usuários.
A Parada é sim uma grande festa, mais nada além disso! Percebi logo nos primeiros momentos que pisei na Paulista e, confesso, relaxei e aproveitei. Observei a permissividade que permeia o universo gay e a confusão, bastante comum, entre liberdade e libertinagem, com alguns atos de desrespeito.
(Gay desrespeita? Como assim? Não é ele que sempre exige respeito a sua liberdade de ser?)
Bom, como qualquer festa de rua houve violência, gente presa, machucada, roubada e outros tantos. Nada exagerado, apesar dos comentários. Além disso, houve também pegação e sexo na rua, que só reforçaram o estereótipo “gay é fútil e promíscuo”. Aliás, outra matéria, também da Folha, dizia: “Parada Gay aquece mercado de luxo”; e outra tirava uma conclusão apressada: “Balada dos rapazes tem drogas alucinógenas e estimulantes e com média de 4 parceiros. Moças se arriscam na pista com espetinho de carne e cerveja, com média de uma parceira”.

Festejar é ótimo, curtir a vida, aproveitar o momento é maravilhoso, e está intrínseco à cultura brasileira, quiçá humana, porém... Um amigo, que também passou do virtual pro real, falou-nos de suas infrutíferas tentativas de criar uma biblioteca com livros sobre o homoerotismo. As organizações e a militância gay não apóiam, estão mais preocupados em gritos de guerras e palavras de ordem. Mais vale a festa efêmera, do que a conscientização duradoura e transformadora.
Sim, é muito bom ver héteros, homos, bis, trans, lindas crianças, idosos, corpos sarados, margrinhos, lisinhos, ursos, drags, gogo-boys e toda fauna de desejos humanos “convivendo” num único espaço, mas e depois? E o resto do ano? Fica a sensação de que há um único dia permitido pela sociedade “normal” para que os “anormais” comunguem de uma liberdade (vigiada).
Interessante foi observar a postura das empresas que, a cada ano, percebem que gays são "público". E dos bons! Este ano, a Caixa e a Petrobras deram juntas R$ 350 mil para a festa. E colocaram suas marcas na rua, sem medo de associar ao nome "gay" ou "homossexual". Isto, se pararmos para pensar em termos de mercado - que sempre é conservador e muitas vezes reacionário - é uma conquista concreta.
Enfim, foi maravilhoso sim, estar ali, viver aquele momento, aquela alegria estampada no rosto de muitos, mas meu grande ORGULHO mesmo foi estar muito bem acompanhado e encontrar o carinho e a parceria sincera dos amigos.
Fica a mensagem destes cartazes perdidos na multidão:

PS: Há exato um ano atrás, eu escrevia meu primeiro texto aqui no blog, foi sobre o amor, pois hoje é Dia dos Namorados, mas quanta coisa mudou... Quero só afirmar que, para quem acorda a cada dia mais apaixonado pelo mesmo par, um dia dos namorados não é nada.