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segunda-feira, dezembro 04, 2006

Do lado de cima do Equador

O nosso estar calado, eu já sabia, não era o mesmo que estar acabado.
Existia, isso sim, um silêncio que comanda os momentos de rever, repensar, reelaborar, e que depois se converte em explosão.
Cada um por seu lado vivendo coisas diferentes, mundos diferentes, e agora, exatamente agora, espaços físicos diferentes. Ainda assim, acredito que estamos cada vez mais próximos, mesmo enquanto um se renova onde sempre esteve, outro em um espaço de festa, e eu, por minha vez, que tinha visto tantos verões, vivo meu primeiro inverno.

Aqui em Valência, ao contrário do que está acontecendo no verão brasileiro, cada dia é um pouco mais curto, um pouco mais frio e um pouco mais cinzento.
Apesar disso, há dias de sol, e nesses dias aproveito para renovar minhas energias saindo de casa para caminhar, sempre acompanhada da máquina fotográfica.
Adoro me misturar com as pessoas que estão indo enfrentar a rotina do dia-a-dia: faço cara de turista estrangeira, ou seja, assumo o que realmente sou, e observo o mundo (e todo mundo) sem que se dêem conta de que eu existo.
Algumas pessoas eu já sei onde vão estar todas as tardes: idosos conversando com amigos na calçada, mulher voltando do trabalho no metrô das 14:00, pai com filho de três anos no carrinho de bebê comprando pão à noitinha... Vejo a vida, tal e qual via quando estava em casa. Claro que com alguns hábitos diferentes, mas pessoas são pessoas em toda parte do mundo.
Nessas andanças, sigo sempre em silêncio, mas procuro me comunicar de outras maneiras. O sorriso é sempre uma boa idéia. É muito interessante como sem uma única palavra de repente conseguimos nos entender com alguém que nunca vimos, e por alguns curtos momentos é possível fazer alguma coisa juntos, como ajudar uma pessoa de maior idade a levantar para descer do ônibus.
É muito bom ver a vida acontecendo. E a distância do que conheço por "meu mundo" está me ajudando a fazer isso mais abertamente. Acho que estou aprendendo a colocar o passado em seu lugar, a viver mais o presente e a pensar o futuro com menos pré-conceitos.

6 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Parece, realmente, que todos vivemos um momento muito importante em nossas existências, não?
Cada um na sua, mas conectados pelo desejo de "mudar", in ou voluntariamente.
Certamente que isso independente da nossa vontade acontece, pois mudar é a única certeza estável, mas sinto um gosto de momento mágico, de fechamento e início de cíclos como nunca senti antes.

1:57 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Outra coisa que sinto é a certeza de que estamos num momento de lucidez de que nós somos os senhores de nossos destinos, isso esta fazendo com que cada um reflita e (re)signifique nossas vidas individuais.
É importante perceber que isso só acontece quando nos "distanciamos" um pouco de nós mesmos e analisamos o universo ao nosso redor "do lado de fora", outra coisa que parece estar acontecendo, não?

PS: Só não entendi o "espaço de festa", minha rainha, em que momento voce sentiu isso? Há a festa da redescoberta, mas não um "espaço de festa". Sacou? heheheh

2:01 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Bom, Silvia é uma observadora privilegiada, não por estar num lugar certo na hora certa, mas por ser a pessoa certa.

Tenho absoluta certeza de que, daqui a uns cem anos, se os textos desse blog estiverem vivos ainda, alguém vai buscar em Silvia tudo o que quiser saber sobre a vida do começo do século XXI, sob um olhar de sensibilidade ímpar. Tem horas que fico me imaginando em Valência, vivendo as coisas que Silvia está vivendo, e consigo até visualizar aquela "horrorozidade" da Sagrada Família. heheheheh!!!!

PS: o "espaço de festa", Léo, imagino que seja o lugar (ou seja, a cidade maravilhosa, e seu sol). Acredito - e foi assim que entendi - que Silvia se referiu ao Rio como espaço de festa.

6:02 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Jânsen como sempre traduz meus pensamentos... :)
É, Léo, pelo tom do teu texto, passei a ver tua nova cidade como um espaço de festa, de cores, de sol. Acho que a introspecção do inverno me provocou a idéia de que luz e festa estao interligados. Estou saindo do meu período Barroco e voltando para o Gótico, qdo a presença de luz era sinal da presença de Deus, e portanto de paz e alegria... :)
Beijocas...

8:15 PM  
Anonymous Anônimo disse...

minha rainha, não sacou o tom de piada? hehehe
eu havia entendido sim o uso da expressão, só quis sacanear um pouco com a tua falta de sol.
aqui tá um calor da gota!

se luz é a presença de deus, não sei, mas que ele gosta de nós, disso eu tenho certeza. pois, cada um no seu momento tá conseguindo significar a VIDA.

beijo no coração dos dois.

7:58 AM  
Anonymous Anônimo disse...

Silvia, Adorei essa expressão - saindo do período barroco para entrar no gótico.
Acredito que somos mesmo o espelho da humanidade. Em cada ser como que são rebatidas todas as fases da humanidade. Temos períodos de fé imensa; temos períodos de completo existencialismo; temos também períodos de ultra-modernidade. Só que eles não acontecem na mesma sequência com que estas fases aconteceram sobre a terra (talvez não, sei lá). Somos, na verdade, uma micro-cosmo cheio de humanidade dentro de nós.

3:48 PM  

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