TRANSITAR

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Local: Paraíba/Rio de Janeiro, Brazil

sexta-feira, setembro 29, 2006

Estou de volta para a casa

Esta semana, depois de um bom período morando fora da casa de mamãe, voltei pra “asa dela”. Sem dúvida, é tudo muito estranho, parece que nunca estive ali, talvez porque esta casa em que minha mãe mora hoje não faz parte do meu imaginário infantil, não me sinto apegado a recordações daqui. Aconteceram mudanças (muitas) desde a vez que sai: O quarto que eu dividia com meu irmão, agora é “só meu”, pois, na minha ausência, mamãe construiu um terceiro quarto na casa, e meu irmão está instalado nele.
Certas mudanças não ocorrem sem dor e esta doeu (doe) muito. Primeiro porque percebi que não sou capaz de me sustentar sozinho financeiramente; Segundo porque não tenho a privacidade e liberdade que pensava ter; entre outras coisas...
No entanto, tenho, deste o momento que entrei na casa, prestado atenção aos sinais que o Sagrado tem tentado me mostrar, uns certamente não me agradam, como os que já citei, por exemplo, mas outros...
O carinho do meu irmão, tão atento a mim e a minha presença – sempre nos demos muito bem (acho que ele não lembra o quanto puxei os cabelos dele quando ele era pequeno, por puro ciúme); e, claro, a minha mãe, que tem sabido – sempre tentou – entender minhas nóias. Devo muitíssimo a esta mulher-mãe-amiga, com ela aprendo a enfrentar os obstáculos com a cabeça erguida, entre muitas outras coisas que aprendo com ela...
Só agora, quase uma semana, estou começando a organizar meus livros numa estante cedida da locadora do meu irmão. A ficha vai caindo aos poucos. Aos poucos vou entendendo os porquês. O importante é buscar o discernimento daquilo que deve e não deve ser mudado agora.
“Tudo tem sua hora” / “A evolução não dá saltos” / “A borboleta já foi lagarta um dia” / etc e tal. São coisas assim – chavões – que tem me feito refletir muito sobre meus reais desejos, sentimentos e o que realmente importa na/para vida.
Meu quarto não tem dvd, tv, micro, som... Estou só com cama e livros (há coisa melhor?) Deve haver, e eu vou procurar porque voltei, mas voltei mudado, isso é o melhor, não sou o mesmo SER que saiu, percebi isto hoje me olhando no espelho (talvez seja o início da calvície que me fez perceber isso. hehe) e quero mudar muito mais, sem jamais deixar de viver o meu sonho entre luzes brandas e músicas invisíveis.

sábado, setembro 23, 2006

DO OUTRO LADO DO ATLÂNTICO

Há poucos dias uma amiga minha foi morar do outro lado do atlântico. Passará seis meses de sua vida lá. Dia 23 de março (provavelmente) ela estará de volta, nos reencontraremos, contará de sua experiência. Parece uma equação simples essa.
Só imaginei que, neste exato momento em que escrevo, ela estará vivendo numa realidade completamente diferente, respirando novos ares e ouvindo uma outra língua. Isso virou minha cabeça de maneira tal que me pareceu, por um instante, que eu tinha ido embora e ela ficado. Depois vi – ainda bem – que era o contrário.
Nas palavras, coisa muito simples. Alguns têm vontade de fazer isso. É muito fácil rimar verbo com verbo; quero ver rimar verbo com advérbio. Coragem, é disso que falo – além de outras coisas mais que estão embutidas e que tem sua significação para cada um que passou, vai passar ou pensa em passar por uma experiência dessas.
Coloco-me no lugar dela a partir de agora. Quando fui morar em Campina Grande, sozinho, fiquei nervosíssimo! Fiquei pensando em como me virar numa cidade estranha. Que diria num país estranho? Quando falei com ela por telefone, no dia de sua viagem, pareci um abestalhado, por que tive um sentimento estranho de empatia naquela hora.
Quando março chegar, e nos encontrarmos de novo, será assim: ela, com seu jeito de sempre, fará relatos os mais interessantes sobre sua estadia em Espanha. Estará arrumando suas coisas, voltando para a vida de novo, que aqui foi deixada em suspenso. Porém, entre nós dois, haverá uma diferença: eu estarei olhando a vida sob um mesmo ponto de vista (ou talvez outro diferente, porém muito próximos um do outro). Ela estará olhando a vida como se a estivesse vendo de um lado oposto ao de antes, assim, como se estivesse do outro lado do atlântico.
Penso nisso, sinto inveja, até vontade de fazer algo parecido. Mas, é a danada da coragem que me falta! E outras coisas mais além disso.

terça-feira, setembro 12, 2006

A casa fica bem melhor assim...

Uns anos atrás, eu pensava que praticar meditação era conseguir calar a mente para descansar. Aprendi com uma grande amiga (que foi minha professora de Yoga) que o ideal realmente é esse, mas que é muito difícil de atingir. Segundo ela, o melhor é deixar a mente “falar” o que quer, e não brigar com ela, até que um dia ela relaxe realmente.
Essa semana, eu tentei, à toa, calar a minha mente, procurando buscar outros temas para evitar escrever sobre a minha futura viagem. Na verdade, eu não quero nem vou me despedir de ninguém. Até porque vou passar pouco tempo fora. Mas não me sai da cabeça a idéia de que nunca passei tanto tempo sozinha como o que vou iniciar na próxima semana.
Esse mês de preparativos foi muito melancólico. Revi toda a minha vida ao arrumar os meus armários para evitar que o mofo cubra, dentro dos próximos seis meses, os meus livros, cadernos de anotações, agendas de adolescente, roupas que guardo e que não cabem mais em mim (mas que carregam muitas lembranças), fotos de amigos que não vejo mais, fotos recentes de pessoas essenciais que nunca vão desaparecer, mesmo com a distância...
Não consegui evitar a sensação de que estou a partir de agora criando uma nova vida. Se melhor ou pior eu não sei. Mas é diferente, com certeza.
Se por um lado fiquei melancólica, por outro, pude fazer uma limpeza geral na minha vida. Pude repensar muita coisa sobre mim, sobre minha postura diante das coisas. Engraçado como às vezes vivemos as situações e não nos damos o tempo suficiente para entender o que aconteceu. Hoje entendo muito melhor o que me levou a largar o Direito e partir para o estudo da linguagem, e o percurso que me levou a conhecer tanta gente nova. E olha que na época eu pensava que andava simplesmente porque a corrente me levava. Existia uma lógica interna e eu não sabia...
E é essa lógica que está me levando ao outro lado do Atlântico. Mas não pensem que vão se livrar de mim assim tão facilmente... Vou tentar enganar a saudade. Afinal de contas, estamos em um mundo globalizado e a internet está aí para que a gente continue em contato. Continuarei escrevendo, mesmo estando lá, e mesmo ninguém agüentando mais ler as minhas reflexões de quem é “sério demais”.
Vou deixar minha mente voar por onde ela quiser...
Um abraço forte, e até logo...
Silvia.