Fala sério!
Depois de uma reportagem do BOM DIA BRASIL comparando o sistema aéreo dos Estados Unidos e Europa com o nosso e ainda mais hoje, ao abrir O GLOBO, não resisti. Tive que vir aqui socializar algumas indignadas indagações.
A matéria em questão tem o título: “Do Rio a São Paulo, hoje uma viagem diferente”. Nela narra-se a odisséia de uma equipe de O GLOBO ao percorrer o trecho de ônibus entre as duas cidades, constatando surpresa(!) algumas coisas. Prestemos atenção nos termos usados no texto:
(...) 80% dos passageiros estavam enfrentando o ônibus para fugir dos aviões.
(Imaginem se nós tivéssemos que enfrentar horas na fila de um hospital, sob sol, chuva e sereno? Ou enfrentar um “pau-de-arara”, transporte habitual de “homem do campo”, aquele que, de sol a sol, planta os alimentos que chegarão as nossas mesas? Sabemos quem são? Não, mas são inúmeros. Deve haver dados sobre eles num senso qualquer.)
(...) Muitos estavam viajando de ônibus pela primeira vez após anos, e chegaram desorientados, estranhando a necessidade de pagar R$ 1 para usar o banheiro na rodoviária.
(É, concordo, deve ser realmente terrível ficar desorientado num ambiente desconhecido, ainda mais tendo que pagar, estranhamente, R$1 para usar um banheiro!)
(...) A necessidade de voltar para São Paulo forçou a profissional de turismo Simony Rêgo Barros a encarar o medo de viajar de ônibus e a alergia ao cheiro de óleo diesel.
(Forçar. Encarar. (!!!) Uma verdadeira odisséia digna de Homero.)
(...) O motorista também é o responsável pelos dois filmes que são exibidos durante a viagem.
(Tadinhos de nós. Estamos acostumados a pré-estréias. Vamos nos contentar em assistir filmes velhos? Ainda mais numa escolha feita por um motorista? Na-nã-ni-nã-NÃO.)
(...) A única parada é
(Um verdadeiro pandemônio, para nós brasileiros finos e educados. O que? Estamos vaiando atletas de outras delegações no PAN? Quem? Quando?)
(...) De volta ao Rio, o último desafio: conseguir um táxi.
(O desafio é realmente enorme. Alguém viu Hércules por aí? Só ele para enfrentar e encarar isso.)
Fala sério! Que país é esse em que pensamos que vivemos?
Tenho plena consciência de que a crise aérea é um problema a ser resolvido sim, mas a importância que se dá, em detrimento de assuntos mais urgentes e também necessários de uma resolução, é assustadora e sintomática de um país onde a brilho e o caos convivem de forma aparentemente harmônica.
Será que nossos itens básicos – tipo: Educação, Saúde, Emprego, Cultura – estão em dia? O que esta enxurrada de matérias sobre um mesmo assunto tenta encobrir? Quando vamos admitir que NÃO somos um país europeu?
Estamos vivendo uma lição de realidade e descobrindo surpresos que o Brasil é um país onde lojas de perfumes importados convivem com malharias à moda antiga. Infelizmente quem compra – quando pode – nas malharias não tem os acessos e o poder de voz de quem compra perfumes importados.