TRANSITAR

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Local: Paraíba/Rio de Janeiro, Brazil

terça-feira, novembro 28, 2006

Da Cidade Maravilhosa


Quem poderia supor que eu (menino brejeiro, tímido, mimado etc e tal – extremamente apegado a tudo e a todos que fui irmanando no universo ao meu redor), começaria um novo ano de vida vivendo aqui, na Cidade Maravilhosa?

Não me reconheço mais. Como é bom perder a noção das coisas!!! Deixar a vida seguir seu curso!!! Na maioria das vezes, perdemos tantas oportunidades. É como diz a canção: “Se você não se distrai, a vida fica mais dura e o tempo passa doendo”.

Jamais, mesmo em meus sonhos mais loucos, suporia todas as mudanças, transições e metamorfoses que o meu 27º bendito ano faria e fez comigo. Acreditam que até falei com meu pai? Isso mesmo! E (re)descobri que tenho mais três irmãos lindos. Mas a saudade é testemunha da falta que me faz o abraço dos meus amigos de Jampa, o aconchego da minha mãe e do meu irmão (não necessariamente nessa ordem)... aiai.

O Rio ainda é um universo que estou explorando aos poucos. Há tanta coisa pra ver, experimentar e viver que fico tonto. Sinto-me ainda, e acho que por muito tempo me sentirei, um peixe fora d’água, seja pela sensualidade que parece dominar as pessoas daqui (e, definitivamente, alto-estima e poder de sedução não são meus pontos fortes), acabo me sentindo pequeno, inferior mesmo, seja porque me sinto muito diferente física-mentalmente das pessoas daqui, há tanto culto às aparências e às máscaras (e, definitivamente, depois de tudo que aconteceu comigo no meu 27º ano, isso é o que menos me importa – aprendi e quero continuar a ser transparente). Não quero dizer com isso que os cariocas sejam assim, falo isso mais por causa da imensidade que esta cidade é e é apenas uma primeira impressão de um menino do mato, ok?

Na verdade, eu já vinha de longo tempo percebendo que a vida é muito mais que a superficialidade da matéria (“há um incêndio sob a chuva rala”) e que “felicidade se acha é em horinhas de descuido”, mas isso se intensifica a cada dia dentro de mim, ainda mais pelo deslumbre consciente das sensações que estou vivendo aqui. Será que terei que me (re)adaptar? A impressão que tenho é que tudo aqui está ano luz na minha frente e isso me assusta.

Estou certo de ter feito a coisa certa. Aliás esta é a única certeza diante de tudo. Alguns disseram que eu estava ficando louco, mas “sem a loucura que é o homem mais que a besta sadia, cadáver adiado que procria?”. To aprendendo a viver e não ter vergonha de ser feliz, aos poucos, mas estou.

Em tempo: tenho feito muita coisa boa, dentre algumas, além dos passeios por lugares recheados de história, exposições etc, está acontecendo o XIV Festival Mix Brasil de Cinema e Vídeo da Diversidade Sexual, evento muito importante para a discussão do tema. Fui ao showzaço da Rita Lee, lá no Pão de Açúcar (imagina aquele cenário e a tia Rita louca como sempre!!! Né demais pra mim?). Assisti ao FANTÁSTICO Volver, o novo filme do Almodóvar. Como pode um cara surpreender cada vez mais e melhor hein? Quero falar dele com mais calma, por hora queria apenas registrar minhas primeiras impressões sobre o Rio de Janeiro.

A Cidade Maravilhosa é estupendamente impactante, tenho muito por fazer e meditar, acho que meu 28º ano de existência servirá apenas pra digerir o anterior, ou não, enfim, vou deixar a vida me levar, ta tudo muito gostoso demais.

Por fim, sei que tive a grata benção de começar uma nova vida dentro da mesma existência, preciso aprender a colocar o passado em seu devido lugar (em todos os sentidos), resignificando-o e fazendo dele base do que eu sou, e do que as pessoas são, mas sem deixar que ele atrapalhe o PRESENTE maravilhoso que a vida está me dando.

See you!