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sexta-feira, agosto 18, 2006

RELIGIÃO E COMPORTAMENTO: REGRAS DE CONDUTA?

De repente uma amiga minha “virou” evangélica. De repente mesmo, sem sobreaviso, de supetão, nunca sequer demonstrou descontentamento algum com a vida. Isso causou em mim um rebuliço sem igual. Sondei os confins de meu eu interior para tentar encontrar o porquê dessa agitação em meu ser, e ainda não consegui achar resposta.
O caso referido: é comum, acontece, aposto até que com algum amigo de vocês já deve ter acontecido isso. Só um dado a mais nessa equação: esta amiga era a última pessoa do mundo que eu imaginaria num culto evangélico, gritando “glória a Deus!”. Mãe solteira, bebe mais do que eu e você juntos, gosta de festas, etc.
Nada demais, não é? Conversões religiosas acontecem, e é isso que a igreja preconiza: não importa sua vida anterior, seus pecados estão perdoados. Mas aqui vai um outro dado, e talvez que esteja aqui a explicação para o meu rebuliço interior: ela continua levando a vida como dantes, no quartel de Abrantes. Freqüenta os cultos da Igreja Universal do Reino de Deus, e logo depois cai na gandaia, como sempre, sexta e sábado sai e chega de manhã em casa.
Nada contra a diversidade – neste caso, diversidade de comportamento. Vida é viver, ser feliz e não fazer mal a ninguém. Mas não estaria aí uma contradição? Não que eu tenha o poder de dizer se algo está certo ou errado, mas não há incoerência nisso? É nisso que me concentro, pois, na incoerência, ou, melhor dizendo, na incompatibilidade do comportamento humano dos tempos hodiernos com as religiões baseadas no cristianismo. Será que é possível levar a vida de hoje seguindo os preceitos das religiões que se baseiam na Bíblia? Como se pode agir de modo diferente ao que é preconizado na Bíblia estando com a consciência límpida e transparente? Transar antes do casamento é permitido aos que seguem a dita religião? Foram tantas as perguntas que um nó foi dado dentro da minha cabeça, e que ainda não desatei.
Reiterando e finalizando: não julgo se um comportamento está certo ou errado; julgo a incompatibilidade do modo de agir com aquilo que é preconizado pela religião. Já não estaríamos no tempo de uma reformulação dessas religiões? Ou continuar-se-á fazendo vista grossa a essa incompatibilidade, até que alguém de dentro delas, e com força para tal, perceba o absurdo que existe nisso?
Tenho mais perguntas, são muitas, mas a falta de mais espaço e respostas que resolvam em mim esta equação, montada pela minha moral, talvez imbecil e atrasada, traz, por vezes, a mim, uma certa angústia. É só isso.

8 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

a primeira leitura, o texto me faz pensar duas coisas:
1- É urgente uma reformulação do que realmente entende-se por "servir a Deus".
2- Acredito que quando uma pessoa escolhe uma orientação religiosa ela deve, no mínimo, aceitar os princípios básicos daquela religião, senão não haveria razão da escolha. Por exemplo, os padres que fazem votos de celibato e castidade, mas não cumprem.

10:12 AM  
Anonymous Anônimo disse...

O texto me levou a pensar novamente sobre as incoerências...
O dizer e o fazer têm entre si um espaço estranho que às vezes nos levam a perder o rumo... se é que devemos ter rumos...
As incoerências na área da religião são as mais visíveis, pq todos conhecemos quais são os ditames, e podemos ver o que as pessoas estão fazendo baseadas neles.
No entanto, acho que as principais incoerências são as internas, as de cada um... os valores que carregamos individualmente e as atitudes que tomamos.
Talvez nesse exemplo que Jânsen relatou, apesar da aparente incoerência da amiga dele, talvez internamente ela saiba muito bem o que está fazendo.
Quem somos nós para julgar?

10:19 AM  
Anonymous Anônimo disse...

"Não se pode servir a Deus e a Mamon", diz uma passagem bíblica.
No entanto, lembro também a bela canção "Sobre todas as coisas", de Chico Buarque:

"será que o deus que criou nosso desejo é tão cruel, mostra os vales onde jorra o leite e o mel E esses vales são de Deus".

Acredito que é possível sim aproveitar todas as maravilhas do mundo, mas sem esquecer das responsabilidades de "cidadão universal". Agora se entro pra uma crença, preciso segui-la, certamente, por mais que, ao decorrer do tempo, eu possa colocar em pauta tabus e preconceitos, da tal religião, que não se enquadram mais no mundo em que estamos.

PS: Desculpem mas não consigo pensar sem fazer inferências intertextuais.

10:20 AM  
Anonymous Anônimo disse...

Cada religião têm os seus preceitos pré-definidos, mas é formada de pessoas. Eu acho impossível normalizar/normatizar pessoas. Somos diferentes.
Na minha cabeça, a religião deveria ser um espaço de vivência individual. Os encontros, discussões livres. E isso dá pra fazer em qualquer crença. Basta cada um reconhecer seus próprios valores. (será?)

10:25 AM  
Anonymous Anônimo disse...

Pelo contrário Sílvia, vivemos no mundo da massificação, em que é muito mais fácil normatizar as ações, seja porque não queremos mudar, seja porque é mais fácil "seguir a canção", do que criar indivíduos autônomos, no pensar e no agir.
Não é interessante para as religiões, nem pro Estado, que nos tornemos autônomos. A história da humanidade mostra isso.

10:39 AM  
Anonymous Anônimo disse...

Concordo contigo, Léo...

Eu estava falando em utopias, em tom de verdade, pra ver se eu mesma acreditava...

6:11 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Silvia, é uma opinião, mas se você conhecesse essa minha amiga com certeza você me apoiaria: ela não sabe o que faz!
Quando passo numa rua lá do Rangel, no domingo a noite, é a coisa mais engraçada do mundo: Tem várias Igrejas, evangélicas, e todas lotadas; e, na mesma rua, têm vários churrasquinhos (essa verdadeira praga do mundo de hoje), pessoas com o som nas alturas, dançando bêbadas, e por aí vai. É a coisa mais louca do mundo, parece uma insanidade e ao mesmo tempo é muito engraçado. E mais: conheço pessoas que, num domingo vai aos cultos, e num outro vai pros churrasquinhos.

9:25 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Eu digo sim aos cultos todos e quanto ao churrasquinho só se for de queijo coalho.

Houve uma época que as pessoas eram classificadas como psicóticas maníacas depressivas, a psicologia as promoveu a bipolares, mas não seria muito simplista essa visão de bipolaridade ? Conheço pessoas iguais a sua amiga que se livraram de uma depressão na religião, já chamada de ópio das massas.

Cuide da sua mente, do seu espiritual, deixe que o pastor te conduza... E nada te faltará, nem ânimo para continuar vivendo no baile num dia e no culto no outro, afinal somos mais que bi, somos multipolares.

E viva a IURD !

8:27 PM  

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