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terça-feira, janeiro 30, 2007

Saudade Sim! Tristeza Não!


No dia da minha mudança pro Rio, minha mãe, com lágrimas nos olhos, no momento exato da despedida, disse: "sentiremos saudade sim, tristeza não! Desde então, tento seguir mais um sábio conselho dela, porém, pressenti: "será mais difícil do que eu pensava". E está sendo!
Hoje, 30 de janeiro, é dia da saudade. Quando lembrei disso, pensei imediatamente nas pessoas queridas que estão longe, neste e noutros planos da vida, e me entristeci, mas pensei também nas palavras da minha mãe.
Na prática, é muito difícil não sentir melancolia, pelo menos pra mim, ao lembrar de algum momento bom vivido ao lado de alguem significativo. Dentre tantos momentos que merecem ser guardados no escaninho da minha memória lembro, por exemplo, de ficar puxando a barba branca do meu avô; do colo da minha avó preta; dos cachorros-quentes que meu pai trazia de madrugada; do cheiro ímpar da minha mãe; das brigas com meu irmão quando éramos pequenos; das conversas intermináveis com amigos por demais queridos; da primeira vez que toquei meu amor... e por aí vai. Momentos longe e perto, no tempo cronológico.
Ao final, percebo ser muito melhor sentir saudade das coisas feitas e das pessoas convividas do que sentir arrependimento de não ter me permitido vivenciá-las, aí sim, motivo de tristeza.
E percebo também que a vida é exatamente esse conjunto de laços que vamos criando ao longo do tempo, é isso que dá sentido a nossa existência. Fico pensando nas pessoas que simplesmente não se permitem gostar, chorar, sofrer até, por alguém. O que somos sem a imprescindível interdependência entre os seres, fazendo-nos (re)ver constantemente nossos paradigmas e objetivos?
Quanto maior a intimidade, maior a saudade. Quanto mais significativos forem os momentos e as pessoas em nossas vidas mais o peito aperta (literalmente), quando ocorre a famigerada ausência. No entanto, como diz a canção, "ter saudade é melhor que caminhar vazio" (tô meio brega hoje, hein?). E a tecnologia, com todas as duvidosas "vantagens" modernas, tranquiliza os corações afins.
É isso, tenho muita saudade, mas sei que, em relação a minha mudança, fiz a escolha certa quando a vida me cobrou uma atitude tão radical, e olha que nem sempre ela nos oferece opção. Fico feliz por eu ter aproveitado essa.
Encerro com o desejo de apertar ainda mais os nós da minha "colcha de retalhos" que me faz sentir saudade dos seres e momentos que amo e são (sempre tempo presente) significativos para que eu me mantenha suspenso no ar nesta vida louca e maravilhosa vida. Além dos pontuais versos do meu amigo Amador Ribeiro Neto:
assim
saudades sim
simples
como um brinco tupiniquim
um coco de roda
cirandas voltas de tu em mim

13 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

E eu, que já sinto saudade até das felicidades que estão por vir? A Vida é assim, a todo instante nos oferece doses de felicidade.
Um forte abraço.

1:40 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Léo, que texto bonito, querido.Que sensibilidade! e que leveza na condução das palavras,narrativa clara. Adorei também o poema de Amador, lindo. Saudades si, tristeza não!beijo, querido.

11:10 AM  
Anonymous Anônimo disse...

CARA, CAIU QUE NEM UMA LUVA PRA MIM FIOI.... SINTO TUDO ISSO AS VEZES... E ATÉ SALVEI TEU TEXTO PRA ME AJUDAR AS VEZES....
OBRIGADO MEU QUERIDO ... NADA COMO UM GÊNIO DA LITERATURA COMO AMIGO ...
FICA COM DEUS.....

11:11 AM  
Anonymous Anônimo disse...

Ótimo texto, Léo!! =)

11:12 AM  
Anonymous Anônimo disse...

Léo, desse jeito eu vou chorar....tb estou cheio de saudades sua. Mas, como há sempre uma presença na falta, sempre vc se faz presente na falta que faz em nossas conversas...fortes abraços, cara. Morô?!

11:13 AM  
Anonymous Anônimo disse...

fala meu grande amigo...td bem com vc...espero que esteja se dando bem nas provas...e que vença para conseguir alcançar teu objetivo e ideais...é o que desejo amigo velho...abraços do grande amigo, esperando que nos vejamos em breve.

11:14 AM  
Anonymous Anônimo disse...

Eu vou cantar pra saudade"
Descer na minha cabeça
E comandar sua festa"

Tua mãe tá é certa, saudade nem sempre tem que ser triste, quando ela vem pra fazer festa dentro da gente, reavivando histórias, sentidos e sentimentos... ela é muito bem vinda!

Bjão pra tu, Léo!

11:26 AM  
Anonymous Anônimo disse...

PRECISO DE SEUS TEXTOS CARA, CAEM COMO UMA LUVA PRA MIM ... SABE QUANDO VC VAI NUMA PALESTRA E PARECE QUE O PALESTRANTE TÁ FALANDO DIRETAMENTE PRA VC ? ENTÃO É ASSIM QUE EU ME SWINTO QUANDO LEIO SEUS TEXTOS...
FICA COM DEUS MEU AMIGO , E NUNCA NUNCA NUNCA NUUUUUUUUUUUUUUUNCA SUMA DA MINHA VIDA!!!!!

12:08 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Nossa, "gênio" foi demais.
Please!
rsrsrs

Vou tomar como um elogio hein?

12:10 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Puxa, Léo...
Muito bom ler teu texto. Me soou como um carinho...
Depois de tanta recriminação que ouvi por dizer que sinto saudade, por todo mundo me dizer que tenho que evitá-la, parece que alguém finalmente entendeu qual é a do sentimento que tenho.
Não chamo de tristeza o que sinto. Como vc, elegi a palavra melancolia.
E isso, como já te disse, acredito que é herança portuguesa. Ainda não vi esse sentimento em pessoas de outros idiomas. Além da palavra, o sentimento também é bem nosso, me parece.
Torço pra gente se encontrar em breve. E matar um pouquinho esse sentimento que vem junto com o ser imprescindível para o outro.
Te adoro.
Beijos...

4:48 PM  
Anonymous Anônimo disse...

o seu texto me deixou mais triste do que eu já estou, sinto muito a sua falta, tchau.

8:02 AM  
Anonymous Anônimo disse...

Ei seu texto tocou muito em mim, fico feliz por vc ter seguido caminho que considera certo, porque se vc não o considerasse ele com certeza não seria.
Beijinhos.

P.S. tb estamos com muita saudade de vc.

2:57 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Bom, é um dos melhores textos já feitos neste blog, se não o melhor, e assino em baixo em todos os elogios feitos até agora.
Só quero discordar de algo: a tristeza, a meu ver, é indissociável da saudade. Só que é um tipo diferente de tristeza. Assim como os outros sentimentos, a tristeza tem suas nuances, a depender do contexto em que estão, assim como existe inveja boa e ruim, etc. É um tipo diferente de tristeza saber que não viveremos mais certos momentos da vida.
Bom, é a vida, e toda a sua carga de coisas boas e ruins que traz ao ser humano.

9:25 PM  

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